Todos sabem que ter orelhas salientes pode representar um problema de autoestima, especialmente em crianças. No entanto um estudo mostrou um resultado inesperado: esta característica não carrega consigo um estigma social, ao contrário do que podemos pensar. Na verdade, ter orelhas grandes pode ser um fator de “fofura e inteligência”.
Conduzido na Suíça, o estudo preparou 20 imagens com crianças com orelhas salientes e candidatas a uma otoplastia, a cirurgia plástica de orelhas. Também foram preparadas outras 20 imagens tratadas no Photoshop para mostrar como seria o resultado do procedimento. Depois, foi solicitado a 20 pessoas que classificassem as personalidades das crianças a partir da análise das imagens. Um aparelho capaz de monitorar o movimento dos olhos foi usado para medir quanto tempo e em qual área da imagem cada pessoa olhou.
Os resultados mostraram que os observadores passaram sete segundos olhando cada face e 10% deste tempo reparando nas orelhas protuberantes e 6% nas imagens tratadas.
“As pessoas se concentram em características faciais distintivas porque nos ajudam a reconhecer outras pessoas”, disse Ralph Litschel, cirurgião plástico responsável pelo estudo, ao Yahoo News UK&Ireland. Mas, ao contrário do esperado, os observadores que participaram do estudo não tiveram percepções negativas a respeito da personalidade das crianças com orelhas salientes.
O fato indica que orelhas salientes não carregam estigmas sociais, como alguns pesquisadores já imaginavam. De acordo com Litschel, as crianças do estudo foram vistas como “fofas e inteligentes” de sua própria maneira.
Pensamento antigo
É incerto de onde vem a noção de que orelhas salientes levam a interpretações tendenciosas de pessoas. A raiz desta percepção pode estar em idéias levantadas em 1876 por um criminologista italiano chamado Cesare Lombroso, que propôs que criminosos poderiam ser identificados por traços que à época eram considerados defeitos congênitos, como as orelhas protuberantes. De acordo com Litschel, estas idéias se tornaram populares.
“Até hoje personagens de desenhos com orelhas proeminentes representam personagens menos inteligentes, imaturos e excêntricos, como o Shrek”, afirmou Litschel. O responsável pelo estudo também ressaltou que estas percepções podem variar de acordo com o contexto cultural. Na Ásia, por exemplo, orelhas salientes são sinais de boa sorte.
Independentemente de haver um estigma ou não, pode ser muito difícil para crianças ter orelhas protuberantes. As crianças são mais atentas às diferenças entre si do que os adultos. O bullying é uma das principais motivações para que pais procurem cirurgias plásticas de orelha para seus filhos. A otoplastia não é um procedimento simples, mas em geral causa pouco desconforto e apresenta chances pequenas de complicações graves.
Com informações do Yahoo News UK&Ireland.
Crédito da Foto: Murray Williams via Compfight cc