Fonte: Diário de S.Paulo
Autor: Paulo Godoy
Não tem jeito: o brasileiro adora um produtinho pirata. Em todo bairro sempre tem uma barraca com carregador de celular falso, uma banca de filmes baixados ilegalmente ou uma cópia quase perfeita de uma bolsa europeia. E nem precisamos nos esforçar muito para procurar, muitas vezes os vendedores oferecem seus produtos na janela de nossos automóveis enquanto esperamos no trânsito movediço de São Paulo. Um estudo global de 2014 confirma: o Brasil é o vice-campeão mundial de pirataria.
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Seguindo essa vergonhosa tendência, a medicina também sofreu a nefasta consequência de ser praticada de forma irregular, ilegal e insegura. Dentre as constantes notícias de atuações de “falsos médicos”, duas áreas parecem sempre ser as mais atacadas: cirurgia plástica e dermatologia. O conceito é simples e fácil de entender: “Cirurgia plástica deve ser realizada por um cirurgião plástico”.
Em outras palavras: certamente você não iria até uma pizzaria para comer um sushi ou não chamaria um pintor para consertar o motor do seu carro, então por que arriscaria a sua saúde sendo submetido a uma cirurgia praticada por um médico sem a formação adequada? Para se tornar um especialista em cirurgia plástica ou dermatologista, é preciso graduar-se em medicina, um curso que compreende seis anos de estudo em período integral.
Os médicos formados, para se tornarem especialistas, fazem uma residência médica. No caso da dermatologia, o curso dura quatro anos, e na cirurgia plástica, cinco anos em período integral. São quase 9 mil horas de estudo, apenas na residência, para tornar o médico apto a tratar e diagnosticar as diversas doenças e problemas da pele e fazer cirurgias e procedimentos estéticos. Ao fim dessa etapa, o médico deve ser aprovado em uma prova e registrar-se no Conselho Federal de Medicina como especialista para oficialmente ser considerado como tal. Assim como os usuários de produtos piratas, alguns médicos procuram uma formação mais curta e frequentam cursos de “medicina estética” realizados em um fim de semana julgando-se aptos a praticar cirurgias e procedimentos estéticos invasivos.
Esses cursos de “medicina estética” não têm o reconhecimento do Conselho Federal de Medicina nem da Associação Médica Brasileira. Não deixe sua saúde ser vitima da pirataria: informe-se sobre seu médico no site da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica ou da Sociedade Brasileira de Dermatologia.