Pais permitem que filhos façam plásticas e acreditam que cirurgias podem melhorar a vida das crianças, mostra reportagem de VEJA desta semana
Mariana Amaro
Se existe uma área em que a humanidade comprovadamente avançou foi no tratamento de pessoas com diferenças decorrentes da formação genética. No caso dos que nascem com síndrome de Down, a forma de situá-los no tecido da sociedade e as modalidades de tratamento terapêutico, da mais simples à altamente complexa, trouxeram avanços importantes. Fonoaudiólogos aperfeiçoam a fala e cirurgiões cardíacos corrigem os problemas no coração que afetam 50% de todos os que têm a síndrome. Instrutores de ginástica dão exercícios físicos para reforçar o tônus muscular rebaixado e psicólogos ajudam a lapidar as habilidades cognitivas. A expectativa de vida de quem tem Down aumentou de 30 para 60 anos e a participação dessas pessoas na vida social também cresceu visivelmente. Mais recentes e menos comentados são os procedimentos estéticos que suavizam desalinhos físicos típicos da síndrome e também contribuem para aprimoramentos funcionais. Compreensivelmente, existe um intenso debate sobre a conveniência desse tipo de tratamento.
Paula Werneck é uma carioca de 25 anos que toca bateria, joga vôlei e trabalha em uma cantina. Sua vida melhorou em muitos aspectos. Até cinco anos atrás, ela sofria de dores de cabeça e só comia alimentos moles por causa dos dentes frágeis e pequenos. Quando a arcada dentária superior encostava na inferior, seu maxilar era todo projetado para a frente. Daí, as dores. Levada pela mãe, durante quatro anos a jovem passou por um tratamento que aumentou em 4 milímetros cada um de seus dentes. Com o maxilar reposicionado, o pescoço e o queixo de Paula ganharam novas curvas. O lábio superior também foi reposicionado e até as dobras de pele embaixo dos olhos, outra característica da síndrome, ficaram mais suaves. As dores de cabeça sumiram e o sorriso de Paula ficou mais iluminado ainda. Antes do tratamento dentário, ela já havia se livrado das dores nas costas com uma cirurgia de redução de mamas. “Algumas pessoas da minha família falavam que eu estava fazendo minha filha sofrer, que eu tinha de aceitá-la como ela era. Fui em frente porque sabia que isso ia fazer minha filha viver com mais qualidade”, diz a arquiteta Helena Werneck, mãe da jovem. “Eu fiquei mais bonita”, comemora Paula, que chegou a chorar de felicidade ao ver no espelho o resultado das intervenções. Ela está namorando pela primeira vez.
Mariela Lombard / NYDailyNewsPix
Corrigir orelhas de abano que causam embaraço às crianças ou diminuir os seios de adolescentes vergadas pela exuberância mamária não são intervenções que provoquem repúdio social. “Por que com a minha filha seria diferente?”, indaga a mãe de Paula. Pensando da mesma maneira, o corretor de imóveis Louis Cardillo e sua mulher, Samantha, americanos de Nova York, sofriam com a rejeição sentida por seu filho mais velho, Charlie, 15, cada vez que ele era chamado de Dumbo pelos colegas — um tormento para quem tem Down, como ele, e para quem não tem. “Charlie não gostava das orelhas e falava que tinha vergonha das meninas”, relata Samantha. Um cirurgião plástico conhecido da família se ofereceu para fazer a operação. “Tínhamos forte a lembrança da cirurgia que Charlie havia feito com 1 ano, para corrigir uma cardiopatia. Quase desistimos quando pensamos em enfrentar de novo o medo da anestesia”, relembra a mãe. Tomaram a decisão com o pedido do filho. “Foi uma alegria quando tiramos os curativos. Ele sorriu, chorou e disse que estava igual ao pai.” Dias depois, Samantha e Louis receberam e-mails de pessoas que não aceitavam a cirurgia e os acusavam de tentar “esconder” a condição do filho.
A cirurgia para orelhas de abano é a mais comum em jovens com Down. “Além de corrigir as orelhas, faço um mini-lifting no rosto desses pacientes de maneira a puxar a pele para cima. Caso contrário, a orelha cai de novo”, diz o cirurgião plástico Juarez Avelar. Como a intervenção é apenas estética, uma parcela grande de médicos critica a prática. “Quem tem Down carrega no rosto um carimbo. É preciso mudar o jeito, cheio de constrangimento, como as pessoas olham para quem tem a síndrome. Não mudar o rosto deles”, diz Ana Brandão, pediatra especializada em crianças com Down do Hospital Albert Einstein e mãe de Pedro, 17, que tem a síndrome. “Muitas dessas cirurgias são dolorosas e, acredito, desnecessárias.” Entre as mais dolorosas está a de redução da língua, em razão da quantidade de terminações nervosas. Protuberante nos portadores de Down, ela tende a ficar para fora da boca. Há estudos que mostram que a cirurgia melhora a respiração, a fala e a mastigação, mas as divergências permanecem.
Os sentimentos de proteção dos pais, intensificados com os filhos especiais, e a discussão ética sobre a necessidade de certas intervenções são fatores que desaparecem no caso de cirurgias funcionais necessárias para portadores de outras síndromes genéticas, como a de Crouzon e a de Apert. Quando um bebê nasce, os seis ossos que formam o topo do crânio estão separados para que o cérebro tenha espaço para crescer. Esses ossos começam a se fechar no primeiro ano de vida. Em crianças com Crouzon e Apert, uma ou várias das fendas entre os ossos se fecham antes do tempo. Para compensar o espaço perdido, o cérebro cresce em outras direções e provoca deformidades na cabeça e no rosto. A cirurgia para mantê-las abertas precisa ser feita antes dos 2 anos de idade. Do contrário, a criança terá problemas cognitivos, de fala e de crescimento. “Colocamos molas entre esses ossos para garantir que a fissura não se fechará antes da hora de novo”, explica a cirurgiã plástica Vera Cardim, do Hospital Beneficência Portuguesa. Depois de um ano, as pequenas molas são retiradas em nova cirurgia.
A sorocabana Thais Barbosa, 19, nasceu com Crouzon e sua cabeça teve um crescimento anormal para trás, o que fez com que os ossos do rosto ficassem “afundados”. Quando completou 2 anos, Thais passou por uma cirurgia para implantar as molas. Também teve fios de aço acoplados à arcada dentária superior. Presos, internamente, a ossos do rosto, os fios forçavam a mandíbula e o nariz para a frente. No último ano, Thais fez mais duas operações, de cunho estético, para reposicionar o olho esquerdo, redesenhar o queixo com autoimplante de gordura e “puxar” os ossos da face. Valeu o sacrifício. “Mudei muito e arrumei um emprego,” responde Thais. “Antes, as pessoas ficavam me encarando e cochichando.”
Vanessa Perroni – Do Hoje em Dia
Frederico Haikal/Hoje em Dia
O pesadelo vivido pelo estudante Paulo César, de 12 anos, que sofre bullying por causa do tamanho das orelhas, tem data para acabar. Na próxima quarta-feira, ele e mais 93 pacientes serão submetidos à cirurgia de Otoplastia, conhecida como “orelhas de abano”.
A ação faz parte do Mutirão da Cirurgia Plástica organizado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, que conta com a participação de oito hospitais de Belo Horizonte e dois do interior do Estado (Juiz de Fora e Pouso Alegre).
Gratuidade
As cirurgias são gratuitas e destinadas aos pacientes da fila do Sistema Único de Saúde (SUS). Este é o terceiro ano em que acontece o mutirão na capital. “Os pacientes são selecionados seguindo o maior tempo de espera e priorizando os casos de urgência da fila do SUS”, comenta o presidente da regional mineira da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Cláudio Salum.
A idade ideal para realizar a Otoplastia, de acordo com Salum, é após os seis anos. Antes disso, a orelha passa por uma fase de crescimento. “A vantagem da realização da otoplastia na infância é fugir dos apelidos indesejáveis e dos traumas psicológicos”, comenta.
Paulo César enfrenta o problema desde os nove anos. “Ele reclama de apelidos que recebe e já chegou a não querer ir a escola”, conta a mãe, Míriam Torres. Há seis meses na fila de espera, ele está ansioso, “não vê a hora de fazer a cirurgia e voltar à rotina sem a zoação dos colegas”, comenta Míriam.
Enfermeira
A enfermeira Lorena de Freitas, de 29 anos, é outra paciente que será operada na próxima semana e vai realizar um sonho de infância. “A minha orelha sempre me incomodou muito, principalmente na escola onde ouvia muitas piadinhas. Sempre tive vergonha de prender meu cabelo e essa cirurgia vai mudar tudo, até minha autoestima”, desabafa.
Dois mil pacientes já foram beneficiados
Desde a sua criação, em 2010, o mutirão beneficiou cerca de 2 mil pacientes em todo o país, sendo 350 em Minas. “Cada ano tem um tema, que designamos de acordo com a maior necessidade dos pacientes que estão na fila. São cirurgias reparadoras de todos os tipos, como pálpebras, mama e câncer de pele”, explica Salum.
“O intuito é diminuir as filas do SUS, além de sabermos das dificuldades que o paciente mais carente encontram para realizar cirurgias plásticas reconstrutoras”.
Segundo informações da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, a fila de espera para a cirurgia plástica reparadora de diversos tipos soma 130 pacientes, dentre homens, mulheres e crianças. Os 94 pacientes a espera da Otoplastia foram encaminhados aos hospitais participantes da campanha.
Em BH, os hospitais são: Santa Casa de Misericórdia, Hospital da Baleia, Alberto Cavalcanti, Universitário São José, Hospital das Clínicas, Julia Kubitschek, Hospital São Francisco e Hospital da Criança.
No interior, as cirurgias irão ocorrer em Pouso Alegre e Juiz de Fora. A iniciativa precede a 17ª Jornada Mineira de Cirurgia Plástica, entre os dias 18 a 20 de outubro em BH.
Esse foi um dos temas da 27ª Jornada Norte-Nordeste de Cirurgia Plástica, que teve início ontem
No Brasil, de acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM), há cerca de 12 mil médicos exercendo a medicina na clandestinidade. Para a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), esses profissionais inaptos que realizam cirurgias plásticas representam perigo para a segurança dos pacientes. No Ceará, esses números ainda não podem ser contabilizados devido ao grande número de cursos de fins de semana que formam profissionais clandestinos.
O encontro também discutiu a cirurgia plástica de mama. O procedimento mais realizado no Brasil é o implante mamário. Para ser apto, o profissional precisa passar por, pelo menos, 14 mil horas de treinamento Foto: Alex Costa
Esse foi um dos temas debatidos durante a 27ª Jornada Norte-Nordeste de Cirurgia Plástica, que teve início, ontem, e segue até amanhã, no Hotel Gran Marquise, na Beira-Mar. Para o presidente da SBCP, José Horácio Aboudib, em São Paulo, de todos os casos de queixas por problemas em cirurgias desse tipo, 97% envolvem os não cirurgiões habilitados. “Queremos alertar a população sobre os perigos e que, por isso, eles devem realizar os procedimentos com os membros da sociedade”, disse.
Ele acrescenta que, para ser um profissional preparado para fazer uma cirurgia plástica, são necessários seis anos de formação na faculdade de Medicina, dois anos de residência em cirurgia geral e três anos de residência em cirurgia plástica. São 14 mil horas de treinamento. Depois, o médico faz provas para ter o título de membro da SBCP.
Para saber se o profissional está apto a exercer a sua função, Aboudib aconselha a perguntar ao médico ou acessar o website da SBCP e procurar na lista de cirurgiões que são membros. “Ao procurar um médico sem treinamento, a chance de insucesso será muito maior”, disse.
O presidente acrescentou que é difícil enfrentar esses problemas, pois a legislação não é específica nesses casos. De acordo com a lei, o médico pode fazer tudo que ele se julgar capaz. “Nós queremos mudar essa lei, pois achamos que medicina se especializou demais e ninguém pode dominar todas as áreas”.
Além disso, ele destacou que a sociedade não tem poder de fiscalização desses médicos que estão exercendo a medicina na clandestinidade. O que pode ser feito é a denúncia para que sejam analisadas pelo CFM e também pela Justiça.
De acordo com o presidente da SBCP Regional Ceará, Paulo Regis Teixeira, esse problema acontece em todas as regiões do Brasil. “Essa invasão dos não-qualificados nos preocupa, pois ser membro da sociedade é uma segurança de que o profissional está habilitado”.
Tempo
Ele fez questão de ressaltar que o treinamento é necessário, pois a pessoa não passa a ser um cirurgião da noite para o dia. “Não podemos enumerar o número de médicos, aqui no Ceará, que estão trabalhando, mas não são capacitados, pois existem muitos cursos de algumas semanas de duração que formam pessoas e as fazem pensar que são capazes de realizar uma cirurgia plástica”, afirmou.
Teixeira declarou que está sendo finalizado um protocolo de segurança para o pré e pós-operatório. Nesse documento, será incluído a necessidade do paciente perguntar ao médico se ele está apto a realizar cirurgia.
O diretor científico da SBCP, Níveo Steffen, explicou que o tema central da 27ª Jornada Norte-Nordeste de Cirurgia Plástica é a mama. O objetivo é levar para o evento a troca de informações para que eles consigam alcançar melhores resultados. “Nesse encontro, discutiremos não só a estética da situação, mas também o sofrimento das mulheres com o câncer de mama, principalmente se a reconstrução for necessária. Dessa forma, os beneficiados são os pacientes”.
Segundo o CFM, o Brasil é o segundo país onde mais se faz cirurgia plástica. Somente no ano passado, foram 800 mil. O implante mamário teve o maior número de procedimentos. Em segundo, está a lipoaspiração e, em terceiro, cirurgias na face.
Fala, blogueiro
Especialista deve diminuir ainda mais os riscos
Para explicar a importância do especialista em cirurgia plástica, vou procurar ser mais informal e falar como falo no meu consultório. Costumo comparar a cirurgia plástica a uma viagem de avião, que é o meio de transporte mais seguro, mas que traz más notícias de tempos em tempos. Quando uma aeronave cai no leste europeu, na África ou na Austrália, o mundo inteiro fica sabendo e, com tantos aviões pelo mundo, não é tão raro que isso ocorra.
O mesmo ocorre com as cirurgias plásticas, cujos ocasionais problemas chamam muito mais atenção que os de outros procedimentos médicos, até mesmo pelo fato de serem bastante seguras.
A missão do especialista é diminuir ainda mais os riscos. Isso exige uma longa formação, no mínimo 11 anos, entre faculdade e residência, além de um constante esforço de aperfeiçoamento e atualização.
No entanto, a legislação brasileira permite que qualquer médico realize qualquer procedimento, desde que tenha conhecimento técnico. Baseado nessas leis, muitos médicos de outras especialidades realizam procedimentos que não fizeram parte de sua formação. Isso aumenta o índice de problemas.
Meu conselho para quem busca cirurgia plástica é começar procurando um especialista. A lista está no site da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (http://www.cirurgiaplastica.org.br)
Eduardo Furlani
Cirurgião plástico
http://blogs.diariodonordeste.com.br/saudeeestetica/
THIAGO ROCHA
REPÓRTER
Estudos comprovam que, após os 35 anos, mulheres com gigantomastia podem ter problemas de coluna
Um total de 21 pacientes que estão há mais de quatro anos na fila de espera do Sistema Único de Saúde (SUS) por uma mamoplastia de redução, conhecida como redução de mama, terá a chance de realizar a cirurgia gratuitamente em três hospitais de Fortaleza.
A iniciativa deve acontecer no Hospital Geral de Fortaleza (HGF), Instituto Dr. José Frota (IJF) e no Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) FOTO: ALEX COSTA
A iniciativa é da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), por meio de seu Departamento de Ação Social e o apoio da regional Ceará. O mutirão, que iniciou ontem e vai até amanhã, deve acontecer no Hospital Geral de Fortaleza (HGF), Instituto Dr. José Frota (IJF) e no Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC).
Segundo o cirurgião plástico do serviço de residência do HGF e presidente da Regional Ceará, Paulo Régis de Oliveira, centenas de mulheres procuram os hospitais públicos da Capital em busca de realizar o procedimento. Conforme ele, a demanda é tão grande que não é possível mensurar o tamanho da fila de espera, já que o procedimento é realizado em quatro unidades diferentes. Porém, o médico acredita que, atualmente, essa é a cirurgia plástica corretiva mais procurada.
Estética
“Resolvemos promover essa ação em função da grande demanda de cirurgias desse tipo e também porque o excesso de mamas é um problema grave que afeta o dia a dia dessas mulheres. Aproveitamos para mostrar o caráter social de cirurgia plástica, pois, muitas vezes, associam a nossa especialidade somente à estética, mas é um serviço de utilidade pública”, explica.
De acordo o diretor do Departamento de Ação Social da SBCP, Pedro Martins, é importante lembrar que mulheres que sofrem com gigantomastia devem fazer uma avaliação com seu médico e realizar cirurgia de redução, já que estudos comprovam que, após os 35 anos, essas pacientes poderão desenvolver sérios problemas de coluna. “Além da questão da autoestima, o excesso de peso das mamas causa um impacto direto sobre a coluna da mulher, que, geralmente, sente dores fortes no local e não consegue realizar atividades básicas”, explica Martins. Assaduras no local também são comuns em função do atrito entre a pele.
Para o mutirão, segundo Pedro Martins, serão mobilizados cerca de 30 especialistas, entre cirurgiões plásticos e residentes. “O pós-operatório das pacientes será realizado pelos próprios médicos envolvidos e, correndo tudo bem, as pacientes terão alta no dia posterior à cirurgia”, ressalta o diretor do Departamento de Ação Social da SBCP.
KARLA CAMILA
REPÓRTER
Grasielle Castro – Correio Braziliense
Publicação: 18/08/2012 09:57 Atualização:
O aumento no número de vítimas no Pará de escalpelamento — quando o couro cabeludo é arrancado bruscamente de forma acidental — forçou um mutirão de médicos enviados ao estado para reparação do rosto e tratamento psicológico dessas pessoas. Apenas nos primeiros oito meses deste ano, a quantidade de acidentes superou a registrada durante o ano passado. Foram nove casos, diante de oito em 2011 e em 2010. Apesar de existir uma lei que obriga os donos de embarcações a cobrirem o eixo do motor e de a Marinha brasileira oferecer esse serviço gratuitamente, a Associação de Mulheres Ribeirinhas e Vítimas de Escalpelamento da Amazônia (AMRVE) reclama da falta de capilaridade do sistema de precaução vigente, que não atinge todos os ribeirinhos da região, e de outras políticas preventivas.
Sem fiscalização, os problemas se agravaram nos últimos meses. Os dois últimos acidentes ocorreram entre julho e agosto, uma senhora de 51 anos e uma criança de 9 estavam em um barco pequeno, sem a proteção, quando tiveram o couro cabeludo arrancado. De acordo com a presidente da associação, Rosinete Serrão, são pessoas que, assim como ela, tiveram seus sonhos ceifados no momento de uma brutalidade inesperada. Em 1997, ela voltava da casa do tio, e, ao tirar a água que entrava no barco, escorregou e o cabelo se enrolou. “Foi muito rápido. Depois tive de passar por várias cirurgias. O tratamento é longo e dolorido. Só esperando no hospital para fazer o enxerto, que tira pele da coxa e põe na cabeça, são uns três meses até cicatrizar.” Ao sair da unidade de saúde, Rosinete entrou em choque. “Quando vi as pessoas na rua, foi um choque muito grande porque eu não me aceitava. Todo mundo me olhava, eu era diferente. Foi um ano e meio em depressão.”
Pele bem cuidada desde cedo e saúde monitorada permitem mais uma esticadinha até bem depois dos anos 60.
Desde que a novela ‘’O Astro’’ estreou, dois assuntos dominam as conversas das telespectadoras mais maduras: as cenas em que Carolina Ferraz e Rodrigo Lombardi aparecem sem nada de nada sobre os belos corpos e o que será que Regina Duarte fez na pele para ficar tão viçosa. A reposta é um tratamento com aparelho vindo de Israel chamado Legato. Ele faz furinhos microscópios na pele que, depois, são preenchidos com fel adaptado a cada paciente – no caso de Regina, continha vitamina C, zinco, silício e manganês. Depois, uma máquina de ultrassom ‘’empurra’’ a substancia para a parte mais profunda de pele.
A atriz fez quatro sessões com Legato (1500 reais cada uma). ‘’Agora ela não tem mais medo da alta definição’’, orgulha-se o dermatologista Jardis Volpe, responsável pelo tratamento, mencionando a tecnologia que inferniza as atrizes. O legato ataca poros abertos, manchas e ruguinhas recentes. Mas Regina é suficientemente inteligente e segura para admitir intervenções mais profundas. Com apenas 38 anos, ela fez um lifting total, a plástica facial em que o roto é recortado de orelha a orelha, como uma mascara, e a pele é repuxada. Nessa cirurgia, foi-se embora também o famoso furinho no queixo da atriz, merecidamente conhecida como o rosto mais belo da televisão. Aos 52 anos, Regina fez a versão hoje mais usada, um mini lifting, alisando a área da mandíbula e do pescoço – ou, em suas palavras, ‘’a papadinha’’.
Agora, aos 64 anos, os cirurgiões que a acompanham são taxativos: se os tratamentos dermatológicos não derem conta ou simplesmente se ela quiser, poderá muito bem fazer uma terceira plástica.
A ‘’plástica de despedida’’, aquela última arrumadinha no rosto (ou em outras partes), está avançando cada vez mais no tempo. Até dez anos atrás, a pele de mulheres na faixa dos 60 anos, o limiar definitivo, era diferente da de hoje. ‘’Não havia os cremes combatentes dos primeiros sinais, que já são aplicados por jovens de 25 anos, nem produtos como Botox, laser e preenchimentos, que refrescam a fisionomia aos 40 e 50’’, diz o cirurgião plástico paulistano Ricardo Marujo.
À elasticidade aumentada, soma-se a melhoria das condições gerais de saúde, como coração e pressão em ordem. Os resultados são uma pele mais resistente ao ‘’esgarçamento’’ e riscos menores no momento mais delicado das operações estéticas, a administração da anestesia. Num estudo feito na Cleveland Clínic comparando pacientes acima de 65 anos – atenção, 65! – com grupo de média etária de 57,6, não houve diferenças significativas em matéria de complicações.
O aumento na expectativa de vida e evolução das técnicas cirúrgicas também contribuem para que o adeus ao bisturi seja mais que tardio. Em 2010, quase 85000 americanos acima de 65 anos fizeram cirurgias estéticas. Descontando os excepcionais genes, a atriz Jane Fonda é um ótimo exemplo de como uma senhora pode continuar dando suas esticadinhas sem ficar grotesca – nem atormentada de preocupação com os riscos. Em 2000,ela jurou que nunca mais entraria na faca (já havia feito um lifting, levantando as pálpebras e aumento os seios). Ainda bem que os juramentos sempre podem ser revistos. No ano passado, aos 72 anos, deu mais uma esticada no pescoço e nas bolsas sob os olhos. ‘’Não pareço repuxada. Meus pés de galinha ainda estão vivos. Quero ser uma avó glamorosa’’ disse.
A frase espelha o que bons cirurgiões pensam sobre boas cirurgias. ‘’Quase 70% das pacientes reclamam, depois da cirurgia, porque não tirei todas as rugas’’, diz o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Sebastião Guerra. ‘’Dias depois, quando encontram alguém que diz: ‘Você esta com alguma diferença, mas não sei o quê.’, elas reconhecem que a naturalidade é melhor resultado.
A tática das intervenções equilibradas, sem aquele antigo conceito de puxar o rosto inteiro, também funciona. ‘’Retoco a testa, com preenchimento, mas deixo as rugas em volta dos olhos. Corrijo o bigode chinês, mas não mexo na testa’’, explica o plástico carioca Ronaldo Pontes, que fez o primeiro lifting de Regina Duarte.
Colega de Regina em ‘’O Astro’’, Rosamaria Murtinho também impressiona pelo semblante conservado – chega a ser espantoso lembrar que ela tem 75 anos. A atriz já fez dois liftings e uma bioplastia – um ainda hoje discutido preenchimento com gel derivado do petróleo, que fica no rosto para sempre. Rosamaria tem características que ajudam a ‘’segurar’’ uma plástica, como rosto quadrado e maças proeminentes. Na falta deles os plásticos sugere um ‘’novo’’ calendário de intervenções.
Aos 40 anos, recomenda um mini lifting com pálpebras para o desejado efeito de aparência refrescada. ‘’Aos 50, sugiro um lifting total, porque já há bastante pele sobrando’’, diz Ricardo Marujo. Entre oito e doze anos depois, quando a pele já tiver cedido novamente, um terceiro lifting, cortando exatamente no mesmo lugar, para não criar outras cicatrizes. ‘’E, se a mulher estiver em excelentes condições físicas e com a pele do rosto não muito fina, devido às outras cirurgias, ainda dá para fazer como outros aos 70 anos’’, diz o médico Carlos Fernando de Almeida, responsável pelo rosto elegantemente ajustado da atriz Marieta Severo, 64, ‘’Já operei uma senhora de 82 anos para o casamento de seu bisneto’’, conta Guerra.
Tema de pesquisa polêmica, o uso de células-tronco na cirurgia plástica é debatido cada vez mais por especialistas.
No encontro mundial de cirurgia plástica, realizado na Turquia, em maio, o cirurgião francês Yves-Gerard Illouz arriscou uma previsão: no futuro, a prótese de silicone será totalmente substituída pelo uso de células-tronco.
Ninguém contestou. O respeitado médico francês foi quem inventou a lipoaspiração, em 1978, e a lipoenxertia logo depois (que injeta a gordura retirada em outra parte do corpo da paciente), para citar duas técnicas que, cada uma em sua época, foram recebidas com desconfiança pela classe medica.
O uso de células-tronco na cirurgia plástica vem sendo tema de pesquisas, debates e muita polêmica nos últimos anos. De acordo com os cirurgiões, já há médicos vendendo falsos tratamentos.
‘’A gordura contém células tronco, mas é preciso que fique vem claro que o simples fato de injetar gordura no corpo, como é feito na lipoenxertia, não pode ser chamado de aplicação de células-tronco’’, alerta o cirurgião Paulo Muller.
O que alguns médicos começam a empregar é gordura enriquecida com células-tronco. A novidade é uma técnica considerada simples, as mesenquimais e pluripotentes.
Funciona assim: um anestesista colhe o sangue do paciente na cirurgia, centrifuga e separa o ‘’plasma rico em plaquetas’’ (conhecido como PRP). A gordura aspirada é acrescida, então, desde plasma antes de ser enxertada na face ou no corpo do paciente. É assim que a mama pode ser reconstituída, dispensando o silicone.
‘’Para cada 60 ml de gordura, injetamos 3 ml de plasma rico em plaqueta’’explica o cirurgião Luiz Haroldo Pereira. ‘’Melhora a qualidade da pele e atenua rugas.’’
Técnica só é feita em laboratório. Outra técnica consiste em isolar, em laboratório, as células-tronco presentes na gordura lipoaspirada, para aproveitá-las na hora de injetar esta gordura novamente no paciente.
O cirurgião Volney Pitombo explica que a gordura, por si só, já tem celular tronco. Portanto, se recebe uma ‘’dose extra’’, o resultado pode ser duradouro quando se fala em rejuvenescimento.
‘’Há estudos muito avançados, a engenharia celular é o futuro da cirurgia plástica.’’, afirma.
Luiz Haroldo, porém, alerta: o isolamento das células-tronco da gordura só pode ser feito em laboratórios.
‘’Quem diz que esta ejetando células-tronco da gordura que acaba de ser retirada em consultórios esta mentindo.’’
Especialista em biologia molecular, Omar Lupi, da clínica Cryopraxis, acredita que o futuro caminha para a possibilidade de transformar o material raspado da bochecha do paciente em células-tronco:
‘’É um processo mais higiênico, mais pratico, e que pode gerar quantidade maior em células-tronco do que o processo de isolar a gordura.’’
Presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plastica, Sebastião Nelson ressalva que é difícil definir com exatidão os reais benefícios das células-tronco na plástica.
‘’É uma área em franca evolução, mas em estudos, apesar das ótimas perspectivas em relação ao tratamento de queimaduras, na recuperação da pele, por exemplo’’, diz.
‘’ Mais do que nunca, é preciso que os profissionais sejam cautelosos e éticos com a propaganda em torno do tema. ‘’
Em alguns casos, a cirurgia para a redução dos pequenos lábios vaginais pode ser feita pelo Sistema Único de Saúde (SUS)
Lipoaspiração na barriga e culotes, rinoplastia, silicone. Cada vez mais comuns no dia a dia dos brasileiros, as intervenções estéticas são usadas cada vez mais para corrigir alguns defeitinhos e aumentar a qualidade de vida de muitas mulheres e homens. Já existem técnicas para melhorar várias partes do corpo, inclusive as partes íntimas. Isso mesmo! O número de pacientes nos consultórios à procura de cirurgias íntimas aumentou cerca de 50% nos últimos dois anos, segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, o médico Sebastião Nelson Edy Guerra.
“Cada vez mais, a mulher deseja satisfação pessoal e liberdade. Antigamente, essa questão ficava escondidinha e elas só falavam com o ginecologista. Mas hoje, com a conquista da maior liberdade sexual e independência, houve esse espaço para a mulher melhorar e buscar perfeição em alguns pontos”, aponta o médico.
Cirurgia
Sebastião explica que existem basicamente dois tipos de cirurgias na vulva: a redução dos pequenos e grandes lábios e o aumento ou diminuição do chamado monte de vênus. “Depois dos 45 anos – e principalmente após os 50 – há uma flacidez natural do músculo da vulva, que deixa os lábios mais murchinhos mesmo. A cirurgia é basicamente estética e melhora a confiança e autoestima das pacientes. Elas saem muito mais felizes”, conta o médico.
A redução dos lábios da vagina, a ninfoplastia, em mais de 95% dos casos, é usada para consertar assimetrias entre os lábios da vagina e não esta ligada a alguma anormalidade, mas a questões estéticas. Sebastião conta que o grande desejo das mulheres é deixar a vagina com aspecto bem simétrico, com os pequenos lábios bem fechados. “Elas chegam ao consultório falando detalhadamente o que querem. Depois da cirurgia, ficam horas se olhando no espelho. Já teve uma paciente que me pediu para deixar os lábios parecidos com gomos de mexerica, bem arredondados e certinhos”.
Redução do clitóris
O monte de Vênus também pode ser lipoaspirado, caso a paciente queira diminuir o volume, ou receber enxerto de gordura – geralmente retirado da área do joelho – para as que querem aumentar o volume. Uma cirurgia mais delicada e menos recomendada é a de hipertrofia clitoriana. Normalmente, o clitóris tem cerca de 0,5 centímetros, podendo chegar a 1 cm ou 1,5 cm. Muitas mulheres, no entanto, se incomodam com o tamanho do órgão e desejam diminuí-lo. A área é responsável pelo prazer feminino e tem milhares de vasos sanguíneos. É o clitóris que corresponde à glande masculina e um erro no procedimento cirúrgico pode ser irreversível. “Aconselho a não mexer, a não ser que seja realmente uma anomalia. É bom ter em mente que nesse tipo de cirurgia, não temos como voltar atrás”, alerta Sebastião.
Hímen
Será as mulheres mais maduras podem fazer a cirurgia? “Não. Muitas meninas mais novas procuram o médico para resolver alguma questão estética. O importante é que ela já tenha amadurecimento hormonal, ou seja, já tenha menstruado, e também passe por avaliação psicológica e outros exames de praxe, tudo com a autorização dos pais”, explica o médico.
Além das cirurgias na vulva – a área externa da vagina – outro procedimento também tem feito sucesso: a reconstituição do hímen. “Na verdade, não é uma reconstituição. Quando o hímen se rompe, as abas ficam atrofiadas. O médico então reaviva esse tecido e dá alguns pontos no local. É super rápido”, garante Sebastião.
Especialista
Sebastião alerta também para a importância de procurar bons profissionais. “Antes da cirurgia, procure saber as referências do cirurgião. No site da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica as pessoas podem saber se ele é especialista ou não. Atualmente, não há especialização em cirurgia íntima, mas segundo Sebastião, todos os cirurgiões plásticos do País estão aptos a realizar os procedimentos. “Todos os profissionais da sociedade estudam mais 5 anos, além da faculdade, e ainda passam por uma prova do conselho”, garante.
Para quem não tem plano de saúde e não pode pagar a cirurgia, basta procurar um posto de saúde e se informar. A ninfoplastia está disponível no Sistema Único de Saúde, mas primeiro é preciso receber indicação médica para o procedimento
http://www.orm.com.br/projetos/oliberal/interna/default.asp?modulo=255&codigo=541794
Por: Lívia Neder 10/07/2011
Diretor de unidade médica na cidade, Ronaldo Pontes participa de mutirão da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Cirurgião vai operar pessoas com problemas de lábio leporino
Diretor do Hospital Niterói D’Or, o médico Ronaldo Pontes realizará duas cirurgias gratuitas de reparação de lábio leporino em pacientes a partir de seis meses de idade, no próximo dia 2 de agosto, na sede da unidade hospitalar, no Jardim Icaraí. A iniciativa faz parte do mutirão de cirurgias plásticas reconstrutoras e reparadoras, promovido pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), em diversas unidades do Rio, para o atendimento de pessoas carentes.
De acordo com Ronaldo Pontes, que é professor de cirurgia plástica no serviço de residência do Hospital Niterói D’Or, cada membro da SBCP pôde escolher aleatoriamente o tipo de cirurgia que ofereceria no mutirão. Ele explicou que escolheu a reparação de lábio leporino por conta do tempo em que atuou no Hospital Getúlio Vargas, onde a demanda de pacientes com fissuras era grande.
“Trabalhei por dez anos na rede pública e constatei que a procura de tratamentos por parte dos pacientes com lábio leporino é grande, principalmente nas classes econômicas mais baixas. O mutirão possibilita que pacientes que não tenham condições de arcar com tratamentos plásticos reconstrutores ou reparadores tenham um atendimento de ponta sem qualquer custo”, salientou o cirurgião.
O médico alerta, ainda, que os interessados devem procurar se inscrever o quanto antes. Segundo Ronaldo Pontes, é necessário que haja tempo hábil para a realização dos exames pré-operatórios, já que as cirurgias devem ser realizadas, obrigatoriamente no dia 2 de agosto. “Além de realizar um trabalho social, pretendo divulgar a importância da cirurgia de lábio leporino, que parece simples, visto que os pacientes podem receber alta no mesmo dia, mas exige muita perícia”, revelou Ronaldo Pontes.
Todos os gastos da operação, incluindo o pré-operatório e o pós-operatório, serão custeados pelo hospital, localizado na Rua Sete de Setembro, 301, no Jardim Icaraí.
Especialidades – Segundo a assessoria de imprensa da SBCP, os interessados em realizar cirurgias plásticas reconstrutoras ou reparadoras devem procurar o escritório da sociedade, no Rio de Janeiro, através do telefone 2266-7821. As unidades de saúde que realizarão as operações no mutirão vão priorizar os pacientes que estão na fila do Sistema Único de Saúde (SUS).
http://jornal.ofluminense.com.br/editorias/cidades/cirurgias-gratuitas-para-carentes