Ela faria três procedimentos: abdominoplastia, laqueadura e lipoaspiração. Médico se apresentou como cirurgião plástico, mas registro no Cremerj é de médico do trabalho.
Uma mulher morreu durante uma cirurgia plástica em uma clínica, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio. Alessandra Machado, de 35 anos, faria três procedimentos: abdominoplastia, laqueadura e lipoaspiração.
“Ela trabalhou, juntou o dinheiro, pra ela fazer essa cirurgia. Há três anos, ela vem falando que queria fazer o sonho a vida dela, que era a abdominoplastia, pra ela ficar com uma cintura mais fina. Ela falou: ‘é o meu sonho, e eu quero realizar’, mas não realizou”, disse a irmã Elena Machado.
Alessandra foi enterrada no domingo (8). Ela deixou marido e uma filha de 13 anos. A família está inconformada.
“Ele [o médico] demonstrou muita confiança, ele deu a inteira confiança. Ela confiou muito nele. Foi devastador, acabou com a nossa estrutura. A gente esperava receber ela em casa na sexta com vida, e nós recebemos ela com a morte, com o fim da vida dela, isso não é justo”, disse a irmã da vítima.
A família conta que o médico, Mauricio Teixeira de Britto, cobrou R$16 mil e se apresentou como cirurgião plástico.
“A fundo, nós fomos fazer uma pesquisa que ele é apenas cirurgião ginecológico, ginecologista. Eu fiz uma pesquisa agora pela manhã, liguei pra Sociedade e lá foi informado que ele não tem nenhuma clínica e também não é afiliado e não é nada”, disse o primo de Alessandra, Vitor Hugo Andrade.
No site do Conselho Regional de Medicina (Cremerj), o médico Mauricio Teixeira de Britto aparece registrado como médico do trabalho. O primo e a irmã denunciaram o caso à Polícia.
A família diz ainda que médico garantiu que tinha todos os equipamentos necessários e até uma ambulância disponível, mas quando Alessandra precisou de socorro, teve que pedir pelo plano de saúde dela e, quando chegou ao hospital, já estava muito grave.
“Ele [o médico] não quis predispor, como ele dizia que tinha todo o suporte, na verdade não tinha nenhuma ambulância. E isso aí foi angustiando, angustiando, e foi quando ela teve a primeira parada cardio, Foram feitas todas as manobras e foi ai quando descobriram que não tinham as substâncias a qual seria necessário pra esse procedimento”, disse Vitor Hugo.
A produção do Bom Dia Rio procurou os responsáveis pelo lugar, mas ninguém atendeu o telefone. Do lado de dentro da clínica, todas as luzes estavam ligadas, TV ligada, e o local estava aparentemente funcionando, mas a porta estava trancada.
Fonte: G1/Bom Dia Rio – https://g1.globo.com/rio-de-
ALERTA à POPULAÇÃO
SBCP lamenta morte de paciente que operou com médico não especialista em cirurgia plástica
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) lamenta por mais um óbito de paciente que realizou cirurgia plástica com um não especialista. Preocupada com casos semelhantes e recorrentes, a SBCP tem denunciado e judicializado pela segurança cirúrgica. Em 2016, foi criado o Programa Nacional de Defesa da Especialidade, justamente para coibir essas práticas e proteger o paciente.
Alessandra Machado, de 35 anos, morreu no último domingo, 8 de outubro, após complicações de uma cirurgia plástica realizada por um médico não especialista na zona oeste do Rio de Janeiro. Além de não ter formação em cirurgia plástica, a clínica onde estava sendo realizada a cirurgia não tinha suporte para o socorro da paciente, o que pode ter colaborado ainda mais para a fatalidade. Em 2015 outra paciente morreu na mesma clínica, que na época chegou a ser interditada.
Notícias como essa têm sido cada vez mais comuns, mesmo com os casos de insucesso serem recorrentes na mídia. Segundo estimativa da SBCP, para cada médico com formação em cirurgia plástica, existe o dobro de não especialistas atuando. Além disso, profissionais não médicos também têm invadido a especialidade e realizando procedimentos estéticos e, em consequência disto, um número cada vez maior de pacientes têm ido a óbito ou são vítimas de graves intercorrências.
Muitas mortes poderiam ser evitadas caso os procedimentos tivessem sido feitos por cirurgiões plásticos qualificados. Por isso, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica coloca à disposição da população um aplicativo gratuito (Android e IOS) onde se pode checar se o profissional é especialista ou não, além de disponibilizar a consulta em seu site, página de Facebook, e-mail e telefone.
Por que a qualificação do médico é importante? A formação de um médico especialista em cirurgia plástica exige do profissional de cinco a seis anos de estudo após o término da graduação em medicina. São pelo menos dois anos de especialização em cirurgia geral e mais três anos de especialização em cirurgia plástica.
A SBCP aguarda por decisões judiciais que possam definitivamente impedir que profissionais médicos e não médicos sem especialização em cirurgia plástica realizem procedimentos sem qualificação.