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Sem câncer e com alta dose de alegria

By 5 de novembro de 2012Nenhum comentário

Um grupo de 61 mulheres comemora o sucesso do mutirão para reconstrução da mama, resultado da parceria entre a rede pública e a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica

Um mês depois de serem submetidas à cirurgia de reconstrução da mama, durante mutirão médico, as 61 mulheres operadas se reuniram, ontem, pela primeira vez no auditório do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) para o balanço pós-operatório das plásticas realizadas. O hospital, antes palco de protestos por causa da demora de atendimento às pacientes que passaram por mastectomia, se transformou em local de comemoração. A alegria das mulheres era tamanha que o pudor cedeu espaço ao orgulho de mostrar a nova mama. “Sinto-me uma mocinha de 15 anos com peitinho novo”, brincou a dona de casa Iraídes Silva Lima, 58 anos.

O mutirão realizado em 30 de março contribuiu para reduzir a fila de espera por cirurgias de reconstrução mamária no Distrito Federal. Segundo dados do Ministério da Saúde, antes, o DF ocupava a 12ª posição entre as unidades da Federação em quantidade de cirurgias. Entre 2008 e 2010, ocorreram 547 operações. Se os outros estados mantiveram nos primeiros meses de 2011, o mesmo ritmo de cirurgias de 2010, com os 61 novos procedimentos, o DF sobe para o nono lugar.

Porém mais de 300 brasilienses ainda aguardam para sentir a mesma alegria que das 61pacientes que ontem se encontram no Hran. Para conseguir atender ao menos as 97 selecionadas para o mutirão de março e que não fizeram a cirurgia porque não apresentavam condições adequadas de saúde, o Hran realizará a partir do próximo dia 14, minimutirões sempre aos sábados a cada quinzena para atender 12 pacientes que passaram pela mastectomia. “O mutirão foi um grande salto, mas não conseguimos zerar a fila, esperamos atender pelo menos as 97 até o fim do ano”, explicou Edilberto Araújo, presidente regional da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

De acordo com o coordenador da inciativa, Luciano Chaves, 98% das cirurgias feitas em 30 de março foram consideradas um sucesso. Apenas uma paciente teve uma pequena hemorrogia. Graças aos bons resultados de Brasília, o médico espera parceria com o governo federal e secretarias estaduais de saúde para a promoção de um mutirão nacional a ser realizado em março de 2012, envolvendo 4,2 mil cirurgiões plásticos para atender as mais de 2 mil mulheres que aguardam o procedimento de recomposição mamária. “Nosso pensamento tem que ser maior. Temos que levar o projeto-piloto de Brasília à esfera nacional”, conclamou.

Vários procedimentos

A reconstrução da mama é considerada a parte final do tratamento do câncer de mama, já que exige a retirada do órgão. Por isso, oSistema Único de Saúde (SUS) faz a cirurgia desde 1999 na rede pública e conveniada. O mutirão de Brasília foi uma parceria entre a rede privada de hospitais do DF, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e a Secretaria de Saúde do DF. A parceria também se mantém no pós-operatório. Uma mulher submetida à reconstituição mamária geralmente volta ao centro cirúrgico pelo menos mais duas vezes. Primeiro, ela faz o preenchimento. Em seguida, a simetria das mamas e, seis meses depois, o bico do seio.

A copeira Mônica Consolação, de 41 anos, esperou oito anos para ter reconstruído o bico do seio. Só no mutirão ela conseguiu, finalmente, ter a mama inteiramente reconstituída. “Fiquei tirando fotos de todo o processo e, agora, fotografo com orgulho a minha mama completa”, conta. A piauiense Maria Zita Rodrigues de Sousa, 49, também está com a autoestima recuperada. “Sofri demais quando descobri a doença, estava tudo tomado e tive que tirar toda a mama. Agora, ela está aqui de volta”, conta, entusiasmada, a copeira.

Fonte: Correio Braziliense